segunda-feira, 19 de julho de 2010

PARA REFLETIR

Os Três Crivos

Certa vez, um homem esbaforido achegou-se a um filósofo e sussurrou-lhe aos ouvidos:
-Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa grave para dizer-te, em particular...
-Espera!... Ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
-Três crivos?! — perguntou o visitante, espantado.

-Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da
VERDADE. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?
-Bem, ponderou o interlocutor, assegurar mesmo, não posso. Mas ouvi dizer e... então...

-Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da BONDADE.
-Ainda que não seja real o que julgas saber, será, pelo menos, bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
-Isso não!... Muito pelo contrário...
-Ah!- tornou o sábio

-Então recorramos ao terceiro crivo, o da UTILIDADE, e notemos o proveito do que te aflige.
-Útil?!... Aduziu o visitante agindo agitado.
-Útil não é...

-Bem, rematou o filósofo num sorriso, se o que tens a me confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil,
esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificações para nós...


— Sócrates
Filósofo Grego
469 a.c. / 470 a.c.